Um cabelo bonito e saudável é o sonho de homens e mulheres, e a alimentação pode ser uma aliada ou até mesmo a responsável por essa conquista. Assim como a tão temida queda de cabelo também pode estar associada ao que você come.

A qualidade do cabelo e das unhas está extremamente relacionada com o estado nutricional de cada pessoa e uma alimentação saudável é a fonte de nutrientes para o corpo e consequentemente para garantir a nutrição e beleza dos cabelos.

A má nutrição pode levar a alteração nos fios, causando despigmentação e letargia no crescimento, facilitando a queda.

A queda de cabelo intensa recebe o nome de Alopecia, a qual também está associada ao enfraquecimento ou redução dos fios. Existem diversos tipos de alopecia que se manifestam de acordo com a fase do ciclo de crescimento que são acometidos os cabelos, podendo ser reversíveis ou irreversíveis. A alopecia também tem causas diferentes entre os homens e as mulheres. Sua causa é determinada por diversos fatores (genéticos e hormonais) que determinam os variados tipos de alopecia, dificultando seu tratamento.

A alopecia androgenética é uma característica clínica de queda de cabelo nos homens, tendo uma condição genética comum e sendo produzida pela ação de andrógenos do próprio organismo. Muitas vezes é considerada como um sinal fisiológico de envelhecimento, e para algumas pessoas causa desconforto. A sua etiologia é multifatorial, pois envolvem fatores genéticos e hormonais. O estresse o e fatores emocionais podem agravar o problema. Para as mulheres a alopecia androgenética está aumentando sua incidência e pode ter graves consequências psicológicas e de autoestima.

Outro tipo de queda de cabelo é a alopecia areata, a qual é uma afecção crônica dos folículos pilosos. Há uma interrupção da síntese, sem que ocorra destruição ou atrofia dos folículos, portanto pode ser reversível. Também é multifatorial, tem componentes autoimunes e genéticos. O estresse também pode ser o principal gatilho, assim como traumas emocionais. Existe outros tipos de alopecia que podem ter origem nutricional, química, metabólica e medicamentosa.

É importante ressaltar que o diagnóstico da alopecia deve ser feito pelo médico, o qual além de análise clínica, solicitará exames específicos para identificação do problema e sua possível causa e tratamento. O tratamento envolve medicamentos via oral, uso tópico e é claro: nutrição adequada!

A alimentação pode interferir, e muito, na saúde dos cabelos, tanto de forma positiva quanto negativa.  A falta ou o excesso de nutrientes pode provocar alterações no ciclo evolutivo dos fios. Assim, torna-se necessário o equilíbrio entre os nutrientes, com uma alimentação saudável e aporte adequado de macro e micronutrientes.

A beleza dos cabelos está diretamente ligada a sua composição nutricional, deficiências de energia e proteínas favorecem cabelos quebradiços e sem brilho.

Carências nutricionais estão entre os fatores mais relevantes na causa da queda de cabelo, entre os nutrientes que merecem atenção especial estão: proteínas, ferro, zinco, biotina, cobre, iodo, lipídeos e água.  A suplementação nutricional muitas vezes se faz necessária, principalmente em casos em que a queda está relacionada a má absorção e dietas de emagrecimento.

A desnutrição proteico-calórica contribui para alteração dos fios, os quais apresentam alteração de pigmentação, ficam ralos, com textura mais fina, crescendo de maneira dispersa e caindo com facilidade. Essas condições são resultado da alteração no metabolismo proteico que interfere na formação dos fios. Uma ingestão adequada de proteínas garante a oferta de aminoácidos essenciais (só conseguimos através da alimentação), que também são percursores de aminoácidos não-essenciais (o nosso corpo produz), como a taurina (sintetizada a partir da metionina e cisteína), a qual tem afinidade pela estrutura do cabelo, exercendo efeito protetor. As fontes alimentares de cisteína e metionina que vão ajudar o corpo a produzir taurina são as proteínas de origem animal (carnes, ovos, leite e derivados).

Outro aminoácido essencial para manter a saúde dos fios é a L-lisina, a qual é responsável pela forma e volume do cabelo. A sua deficiência pode deixar os fios frágeis e finos.

Os ácidos graxos poliinsaturados como o ômega-3 e o ômega-6 são componentes das nossas membranas celulares, cofatores enzimáticos e atuam na modulação do sistema imunológico. Sua deficiência está associada a queda de cabelo. As melhores fontes desses ácidos graxos são os peixes de água fria (atum, arenque, sardinha e cavala). As fontes vegetais são a linhaça e a chia.

As vitaminas são essenciais para o crescimento e desenvolvimento dos fios. A vitamina A participa do crescimento, manutenção e desenvolvimento. Suas fontes são peixes, manteiga, leites e derivados integrais, ovos e vegetais alaranjados. A vitamina C atua como excelente antioxidante sobre os radicais livres, os quais são produzidos em excesso no estresse, que é uma das principais causas da queda de cabelo. Os alimentos ricos em vitamina C são as frutas cítricas (kiwi, laranja, limão, goiaba, acerola, caju, tangerina) e os vegetais verdes escuros.

As vitaminas do complexo B também merecem destaque, principalmente a vitamina B6 (Piridoxina) que funciona como coenzima para diversas enzimas, regula a ação dos hormônios esteróides e o metabolismo de aminoácidos (fatores envolvidos com a alopécia). Entre os alimentos ricos em B6 estão: carnes, cereais integrais e castanhas. A biotina é uma vitamina muito famosa para o tratamento em questão, é encontrada na gema do ovo, carnes, cogumelos e no amendoim. Ela ajuda na prevenção do aparecimento dos fitos brancos e da queda.  Já a vitamina B5 (ácido pantotênico) age como antioxidante, umectante dos fios, antiseborreica e contribui para a formação e o crescimento de cabelos novos. É encontrado principalmente no ovo. A B12 é responsável pela ativação da síntese de queratina e caroteno, que promove crescimento, resistência e fortalecimento dos fios de cabelos e unhas. Sua fontes são os produtos de origem animal.

Em relação aos minerais, o zinco tem uma grande importância por sua maior concentração no cabelo. Atua como cofator para enzimas e age como fator de crescimento, além de ser antioxidante. Os alimentos ricos em zinco são: frutos do mar, carnes vermelhas e oleaginosas. O ferro também está envolvido na saúde dos cabelos, sua deficiência leva ao aumento da queda. O ferro alimentar de melhor absorção é de origem animal, presente nas carnes, mas há boas fontes vegetais, como espinafre, couve, beterraba e feijões, neste caso adicionar uma fonte de vitamina C potencializa sua absorção.

O cálcio também é um elemento fundamental para a formação das proteínas do cabelo e contribui para o metabolismo do ferro e das vitaminas do fio, principalmente nas mulheres em menopausa, que estão mais propensas a deficiência de c´´alcio. A falta de deste mineral faz com que o cabelo fique fraco e quebradiço. Encontramos cálcio no leite e seus derivados, nas verduras verde escuras, no gergelim e nas sementes.

O silício é um elemento químico presente no cabelo, além de estimular a síntese de colágeno tipo I. Está presente na cenoura e na aveia principalmente.

Alguns compostos fenólicos e polifenóis têm ação significativa no tratamento, entre eles as catequinas que estimulam a microcirculação e favorecem a nutrição da raiz do folículo piloso, os bioflavonóides e a coenzima Q10 que regeneram a vitamina E, integram substâncias as quais atuam na permeabilidade vascular, reduzindo a fragilidade capilar, além de serem antioxidantes. Fonte de catequinas: chá verde, chá branco, chá preto, amora, mirtilo, uva roxa. Os bioflavonóides são encontrados em diversas frutas, verduras e legumes e a coenzima Q10 está presente na carne vermelha, sadinha, espinafre e amendoim.

A proantocianidinas são bioflavonóides que atuam contra os radicais livres e estresse oxidativo, além de ter atividade estrogênica, como antagonistas aos receptores androgênicos. Podemos encontrá-las na frutas, legumes, oleaginosas, sementes e na casca da uva.  Outras substâncias como a genisteína e a daidzeína, que são classificadas como isoflavonas, com função de fitoestrógenos apresentam efeito inibitório aos andrógenos como a testosterona, encontramos ambas na soja e seus derivados.

Um fitoterápico muito utilizado para tratamento da calvície é o Saw Palmeto (Serona repens), quando ela está associada a um distúrbio na regulação dos hormônios sexuais envolvendo em particular a testosterona, que é metabolizada em di-hidrotestosterona (DHT) pela 5-alfa-redutase. Esse fitoterápico parece inibir a atividade da enzima 5-alfa-redutase, reduzindo a estimulação hormonal.  A testosterona ao atingir a raiz do cabelo, a testosterona sofre a ação de uma enzima. Como consequência dessa reação surgem substâncias que vão reduzir a velocidade de multiplicação das células da raiz ou mesmo provocar a morte delas. O resultado é que o cabelo fica mais fino e seu crescimento mais vagaroso.

A ingestão de água é imprescindível para a saúde dos cabelos, afinal eles também precisam estar hidratados. Outros líquidos, desde que isentos de açúcar, podem contribuir com a hidratação, como a água de coco, chás e sucos naturais.

Todos esses nutrientes citados devem compor uma alimentação adequada e equilibrada, mas muitas vezes a suplementação feita pelo Nutricionista pode ser necessária para atingir as necessidades diárias de cada pessoa. Portanto não deixe de fazer um acompanhamento nutricional para tratar a queda de cabelo ou mesmo para manter a saúde dos fios em dia!

Fontes: Pujol, A. P. – Nutrição aplicada à estética, 2011. Pujol, A. P. – Nutrição aplicada à estética, 2020. Pujol, A. P. – Manual de formulações na P´rática Clínica, 2019.


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