A osteoporose é um distúrbio caracterizado pela redução da massa óssea, levando a um aumento da fragilidade esquelética e do risco de fraturas. É uma anormalidade no processo de remodelação óssea sistêmica, com desequilíbrio no acoplamento entre a formação e a reabsorção óssea, privilegiando a última. É uma doença óssea metabólica comum, com predominância em indivíduos idosos e mulheres com deficiência estrogênica.

A OMS (Organização Mundial da Saúde) define a osteoporose como uma doença metabólica óssea sistêmica, caracterizada por diminuição da massa óssea e deterioração da microaquitetura do tecido ósseo, com consequente aumento da fragilidade do osso e da suscetibilidade a fraturas. Na osteopenia, também ocorre perda de massa óssea, porém sem comprometimento da microarquitetura. A redução da massa óssea é um fenômeno natural fisiológico e não patológico, mas que pode levar ao desenvolvimento da osteoporose.

Entre as causas primárias da osteoporose, estão a predisposição genética, carências alimentares, baixa exposição solar, sedentarismo, degeneração secundária ao envelhecimento, e deficiência estrogênica em mulheres na menopausa. Na verdade ela é uma doença multifatorial, envolvendo fatores comportamentais, alimentares e hormonais.

Diversos medicamentos podem ser considerados como indutores da osteoporose, tais como: corticosteroides, metotrexato, antiácidos, inibidores da bomba de prótons, heparina, dicumarínicos, fenobartibal, diuréticos, laxantes, fenitoína e carbamazepina, antibióticos.

Embora seja mais comum a manifestação da osteopenia e osteoporose em pessoas acima de 50 anos, atualmente há aumento de sua incidência em jovens.

Uma ampla avaliação das causas deve ser feita, pois este fato pode ocorrer devido a uma síndrome de má absorção. Doenças alérgicas, principalmente as classificadas como tardias, normalmente causadas por má digestão proteica (proteínas do leite de vaca, da soja, do trigo ou qualquer outro alimento que a pessoa seja sensível) podem causar alterações na permeabilidade intestinal e no equilíbrio da microbiota levando a disbiose. Erros no comportamento alimentar podem levar a carências nutricionais de vitaminas, minerais e ômega 3. Excessos de fatores antinutricionais que podem comprometer a absorção, utilização e excreção de cálcio e outros nutrientes. Se esses fatores forem associados ao uso crônico de medicamentos que interferem com a biodisponibilidade dos micronutrientes, podem interferir na remodelação óssea, agravando a situação.

O pico de massa óssea é um preditor de osteoporose mais importante do que o ritmo de perda de massa óssea relacionada com a idade. Assim, maximizar o pico de massa óssea pode ser considerado como principal estratégia na prevenção.

A síntese óssea predomina nas crianças. No adulto o pico da massa óssea ocorre provavelmente entre os 20 e 35 anos. Com o envelhecimento, naturalmente perdemos massa óssea, pois há um aumento da reabsorção. O processo natural desta perda começa aproximadamente a partir dos 40 anos, mas pode progredir mais rápido nas mulheres, devido a diminuição dos hormônios como estrogênio. Mas isso não significa que automaticamente haverá a incidência de osteopenia ou mesmo osteoporose. Simplesmente a densidade da massa óssea naturalmente será menor do que a do adulto jovem.

A prevenção da osteoporose se faz através de uma alimentação equilibrada, com quantidade de calorias adequada e suplementação não só de cálcio, mas também de todos os nutrientes envolvidos na sua absorção. A atividade física regular também é importante para garantir uma reserva suficiente de massa óssea, protegendo o esqueleto contra as perdas futuras.

O adequado consumo de cálcio é considerado um fator protetor contra a osteoporose. Porém um dos fatores que pode levar ao desenvolvimento de osteoporose, apesar de envolver o cálcio, não está exclusivamente relacionado ao baixo consumo do mesmo. Acontece que a baixa ingestão de cálcio e outros nutrientes envolvidos na mineralização óssea se associado a uma baixa eficiência de absorção e uma alta perda pelo organismo, irá provocar uma redução na reserva de cálcio e sua fixação no osso, levando a fragilidade óssea.

O fósforo por exemplo, deve estar presente no organismo em uma concentração adequada para que se tenha uma boa mineralização óssea, o seu excesso (dietas ricas em chocolate, carnes, refrigerantes, ketchup, mostarda) interfere de forma negativa nesse processo.

Muitos nutrientes são necessários para à formação óssea, como vitamina, minerais, aminoácidos, pré e próbióticos. Portanto, o déficit de qualquer um desses nutrientes comprometerá as funções do cálcio. O desenvolvimento de uma osteoporose não significa que o organismo apresenta uma deficiência de cálcio e sim que o cálcio teoricamente destinado a formação óssea está sendo utilizado em outro local. Além disso, o acúmulo de cálcio pode levar a microcalcificações, desenvolvendo inclusive artrite. Ou ele pode se depositar em tecidos moles, causando o endurecimento das artérias por microcalcificação das mesmas. O excesso de cálcio pode aumentar a pressão arterial, promover formação de cálculos de oxalato de cálcio nos rins…entre outros problemas. Por outro lado a carência de um ou mais nutrientes necessários ao processo de mineralização óssea prejudica a utilização efetiva do cálcio.

Portanto, ao se prevenir ou tratar a osteoporose a preocupação deve ser com a biodisponibilidade do cálcio e não apenas se ele é bem absorvido, levando em consideração a presença de todos os nutrientes necessários e ainda outros fatores que prejudicam esse processo. A presença de grande quantidade de proteínas de origem animal, excesso de gordura saturada, fosfatos, álcool, açúcar refinado, ácido oxálico, fibras insolúveis e cafeína também comprometem a absorção do cálcio ou aumentam a sua excreção pelas fezes e urina.

Com relação ao consumo proteico, há duas situações: a baixa oferta proteica pode determinar perda de massa óssea por interferir na síntese normal da matriz proteica óssea, além de reduzir os níveis de fatores peptídicos de crescimento e enzimas reguladoras de todo o processo de formação óssea. Já  excesso de proteínas, principalmente de origem animal gera grandes quantidades de radicais ácidos, que são excretados pela urina na forma de sais de conjugação com cálcio, utilizando portanto esse mineral como forma de tamponamento ácido. Por outro lado uma dieta rica em vegetais e frutas fornece os radicais básicos que podem neutralizar o ácido proveniente do metabolismo proteico, sem afetar o metabolismo de cálcio. Esse aspecto pode sugerir uma certa proteção aos vegetarianos com baixa ingestão de cálcio alimentar.

O consumo excessivo de cafeína presente no café, bebida energéticas, chá mate, chá preto e refrigerantes aumenta a excreção urinária de cálcio, conferindo um risco adicional ao desenvolvimento da osteoporose. O excesso de sal também pode causar o mesmo efeito.

Bebidas alcóolicas em excesso também são prejudiciais ao tecido ósseo, devido aos efeitos adversos sobre o metabolismo de proteínas, comprometimento das funções gonadais e por uma ação tóxica direta sobre os osteoblastos.

Temos que tomar cuidado com a suplementação isolada de cálcio, principalmente em altas doses, pois a osteoporose nem sempre é causada somente pela falta de cálcio, visto que são necessários outros nutrientes (já dito anteriormente) como o magnésio para a formação de massa óssea. Isso é tão sério que devemos ter atenção especial. Um exemplo: o excesso de cálcio gera depleção de magnésio, mineral associado à a formação de serotonina, se há menos magnésio, há menos serotonina, podendo gerar depressão.

O estrogênio também exerce um importante papel na manutenção do cálcio no osso. A queda da concentração deste hormônio na menopausa é um dos fatores que atua na reabsorção óssea, aumentando a incidência de osteoporose.

A dieta alimentar para prevenção da osteoporose deve ser rica em frutas, cereais integrais e vegetais ricos em cálcio como o espinafre, brócolis, couve rúcula, todos os vegetais verde escuros. Além de carnes e laticíneos, sempre respeitando as alergias e intolerâncias individuais. O sol é importantíssimo para a síntese de vitamina D, a qual é fundamental para a fixação do cálcio no ossos.

As fontes de cálcio disponíveis na natureza são variadas e principalmente as de origem vegetal, são ricas em todos os nutrientes que trabalham em conjunto com o cálcio, otimizado sua biodiponibiliade. São elas: produtos lácteos, tofu, quinoa, amaranto, gergelim, leguminosas, repolho, couve, sardinha, folhas de nabo, mostarda, todos os vegetais verde escuros.

Para a prevenção ou tratamento da osteoporose uma alimentação equilibrada e nutritiva é o carro chefe e algumas dicas são importantes:

  • Dar preferência aos alimentos mais naturais, evitando ao máximo os industrializados;
  • Alimentar-se calma, mastigando bem os alimentos;
  • Consumir salada verde crua no almoço e no jantar;
  • Beber muita água ao longo do dia; mas evitar líquidos com as refeições;
  • Consumir frutas in natura, de preferência orgânicas;
  • Variar os alimentos o máximo possível;
  • Evitar cafeína, álcool e açúcar;
  • Evitar o excesso de proteínas animais;
  • Evitar o excesso de sal.

A atividade física regular é um fator importante pela geração de forças de tesão muscular, com estímulo constante à neoformação óssea. Quanto mais precoce for iniciada a atividade, maior o pico de massa óssea que se atinge até os 30 anos. Os exercícios estimulam a liberação de hormônios responsáveis pela incorporação do cálcio no osso, e indiretamente ao aumentar a força muscular e a coordenação ajuda a evitar quedas e a dar mais sustentabilidade aos ossos.

Mais importante do que ingerir grandes quantidades de cálcio é consumir equilibradamente todos os nutrientes e manter bons hábitos alimentares, além de evitar o sedentarismo.

Fontes: Tratado de alimentação, nutrição e dietoterapia, 2007; Nutrição Clínica Funcional: Suplementação Nutricional, 2012; Suplementação Nutricional na Prática Clínica, 2015;  Cálcio, na forma, na medida e no lugar certo, 2011.


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